segunda-feira, 12 de outubro de 2009

E SEU NOME É JONAS

Como seria a história do menino Jonas nos dias de hoje? Com certeza seria uma história cheia de obstáculos e permeada de preconceitos, pois ser “diferente” não importa a época é sempre uma barreira na vida de pessoas como Jonas. Em nossa sociedade percebemos o quanto é complicado para que as pessoas aceitem e pensem naquelas que apresentam algum tipo de necessidade, pois nossa cultura é para aqueles que falam, ouvem, sabem locomover-se e não tem nenhum tipo de limitação mental ou física. Em se tratando de diagnóstico um menino como Jonas não precisaria passar três anos dentro de um hospital para que soubessem que ele não era um deficiente mental, pois hoje em dia desde o nascimento as crianças passam por exames que são capazes de detectar qualquer tipo de doença; e no caso do menino, a surdez teria sido prematuramente descoberta. Socialmente em nossos dias os surdos têm uma vida bastante ativa e sua participação em todos os segmentos da sociedade é notória, Jonas nos dias de hoje teria mais acesso a educação e sua família teria maior apoio em termos de informação e o menino não passaria por tantos traumas e tristezas, pois sua mãe conseguiria compreendê-lo melhor e desta forma a comunicação entre eles seria estabelecida desde quando Jonas era bem pequeno. Existem muitos Jonas pelo mundo afora e a história dele com certeza tem se repetido inúmeras vezes por falta de informação, solidariedade e respeito às diferenças. Cabe a cada um nós fazermos com que a verdadeira inclusão aconteça desta forma estaremos dizendo não a pior das mazelas da sociedade o preconceito.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A convivência muda as pessoas ...


A convivência muda as pessoas estruturalmente, pois mexe não somente com a parte emocional mas também com hábitos, atitudes, e abre possibilidades e perspectivas. No ano de 2002 tive uma turma de segunda série com idade padrão de oito anos, mas entre meus alunos havia uma menina chamada Cinara que tinha 12 anos de idade. Cinara era quieta, tímida, um pouco agressiva e com muitos problemas familiares, morava em uma das vilas de POA e sentia-se muito triste, pois não tinha pai nem mãe. No começo Cinara só me olhava, raramente falava apenas observava os colegas de longe; com o passar do tempo comecei a chamá-la para me ajudar e também para auxiliar em sala de aula. Meus outros alunos começaram também a descobrir que Cinara era uma menina legal, sabia umas brincadeiras diferentes e todos começaram a se entrosar, eu sempre fazia questão de tecer bons comentários sobre esta aluna para que ela pudesse se sentir valorizada e importante dentro daquela turma. Foi então, que descobri através de uma conversa com ela que seu aniversário estava próximo e ela nunca havia tido uma festa em seus doze anos de vida. Aproveitei um dia que ela não veio na aula e combinei com as crianças de fazer uma bonita festa para ela, meus pequenos alunos contaram esta novidade para suas mães e no outro dia em minha porta várias delas apareceram para querer ajudar na festa para Cinara. Organizamos tudo desde comes e bebes até presentes e decoração da sala de aula; uma das mães tinha na época uma tele-mensagem e me disse que gostaria de dar de presente para Cinara uma linda mensagem. Enfim, chegou o tão esperado dia ,meus pequenos alunos estavam todos muito empolgados e felizes, pois todos amavam a Cinara sinceramente. Pedi para que a Cinara fosse fazer algo na direção e ela ficou lá por algum tempo, nós arrumamos tudo (eu, as crianças e as queridas mães) logo depois a Cinara chegou abriu a porta, e se deparou com um cenário lindo tudo para ela. Lembro que a menina nem sabia o que fazer, cantamos parabéns ela recebeu muitos presentes e para completar na hora do recreio encostou um carro no portão da escola e pelo auto-falante chamou por ela; toda escola parou porque Cinara recebeu uma linda homenagem dos colegas da turma 20. Cinara chorou muito, os colegas, as mães, os professores da escola, pois todos ficamos muito emocionados naquele dia. Cinara tornou-se uma menina mais alegre, prestativa e sempre dizia que jamais iria esquecer daquele dia, pois foi o mais importante acontecimento de sua vida. Toda turma amadureceu com este episódio, apesar da pouca idade meus alunos demonstravam espiríto solidário e sempre estavam prontos para ajudar.Todos os preconceitos foram derrubados e a convivência passou por profundas e significativas mudanças. Minha trajetória como professora também foi afetada, pois jamais esquecerei desta turma, da Cinara, das mães maravilhosas que sempre estavam prontas para abraçar qualquer desafio; todos fomos afetados e modificados com seres humanos. Saudade é palavra que define este relato ...