sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A convivência muda as pessoas ...


A convivência muda as pessoas estruturalmente, pois mexe não somente com a parte emocional mas também com hábitos, atitudes, e abre possibilidades e perspectivas. No ano de 2002 tive uma turma de segunda série com idade padrão de oito anos, mas entre meus alunos havia uma menina chamada Cinara que tinha 12 anos de idade. Cinara era quieta, tímida, um pouco agressiva e com muitos problemas familiares, morava em uma das vilas de POA e sentia-se muito triste, pois não tinha pai nem mãe. No começo Cinara só me olhava, raramente falava apenas observava os colegas de longe; com o passar do tempo comecei a chamá-la para me ajudar e também para auxiliar em sala de aula. Meus outros alunos começaram também a descobrir que Cinara era uma menina legal, sabia umas brincadeiras diferentes e todos começaram a se entrosar, eu sempre fazia questão de tecer bons comentários sobre esta aluna para que ela pudesse se sentir valorizada e importante dentro daquela turma. Foi então, que descobri através de uma conversa com ela que seu aniversário estava próximo e ela nunca havia tido uma festa em seus doze anos de vida. Aproveitei um dia que ela não veio na aula e combinei com as crianças de fazer uma bonita festa para ela, meus pequenos alunos contaram esta novidade para suas mães e no outro dia em minha porta várias delas apareceram para querer ajudar na festa para Cinara. Organizamos tudo desde comes e bebes até presentes e decoração da sala de aula; uma das mães tinha na época uma tele-mensagem e me disse que gostaria de dar de presente para Cinara uma linda mensagem. Enfim, chegou o tão esperado dia ,meus pequenos alunos estavam todos muito empolgados e felizes, pois todos amavam a Cinara sinceramente. Pedi para que a Cinara fosse fazer algo na direção e ela ficou lá por algum tempo, nós arrumamos tudo (eu, as crianças e as queridas mães) logo depois a Cinara chegou abriu a porta, e se deparou com um cenário lindo tudo para ela. Lembro que a menina nem sabia o que fazer, cantamos parabéns ela recebeu muitos presentes e para completar na hora do recreio encostou um carro no portão da escola e pelo auto-falante chamou por ela; toda escola parou porque Cinara recebeu uma linda homenagem dos colegas da turma 20. Cinara chorou muito, os colegas, as mães, os professores da escola, pois todos ficamos muito emocionados naquele dia. Cinara tornou-se uma menina mais alegre, prestativa e sempre dizia que jamais iria esquecer daquele dia, pois foi o mais importante acontecimento de sua vida. Toda turma amadureceu com este episódio, apesar da pouca idade meus alunos demonstravam espiríto solidário e sempre estavam prontos para ajudar.Todos os preconceitos foram derrubados e a convivência passou por profundas e significativas mudanças. Minha trajetória como professora também foi afetada, pois jamais esquecerei desta turma, da Cinara, das mães maravilhosas que sempre estavam prontas para abraçar qualquer desafio; todos fomos afetados e modificados com seres humanos. Saudade é palavra que define este relato ...




3 comentários:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Jane!

Fiquei emocionada com teu relato.

Aqui a gente vê bem a inclusão, sensibilidade e empatia. São qualidades que não dependem dos livros, são além deles. Foste marcante na vida desta aluna e isto serve de exemplo para todos os professores!

Abraço, Anice.

Jane Elisabete Lamera disse...

Ser professora é tarefa árdua e cheia de desafios,mas nos ensina belas lições e transforma a convivência.
Jane

Anice - Tutora PEAD disse...

Com certeza, Jane.

Abraço, Anice.